segunda-feira, 27 de julho de 2009

you are...


 

you are a fresh breeze from the sea

 

that comes on a hot day

 

that makes my day better

 

and brighter

 

and full of joy

 

you are a dream too close to be real

 

to dangerous to became true

 

too desired to be avoied

 

you are a wish of far away countries

 

unspoiled landscapes of africa

 

deep blue as the middle of an ocean

 

you are a wind I can not explain

 

and I dont want to explain

 

a flow that is impredictable

 

a sea that goes around my soul


cover my body on a gentle touch


some times warm

 

some times cold


you are something I do not feel the need to understand, 


just feel

 

maybe because all I have said may simple have no sence

 

my life is like a book

 

that I am writing every day a new page

 

that every story may became a tale

 

that some day, at a certain moment,

 

when my life will be about to end

 

I will look back on my "book"

 

and I will smile!

 

I will be free

 

and you will be there!

domingo, 26 de julho de 2009

paradoxos da vida ou da culatra




numa ilha onde não existem, carros, camionetas, motas ou trotinetas, nem sequer alcatrão, não deixa de ser paradoxalmente encantador que de quando em quando tenhamos que no meio de uma conversa, parar uns momentos para deixar terminar o barulhos das maquinas... os aviões!


numa ilha com cerca de 1300 pessoas, onde o temåpo parece ter parado num movimento acompanhado pelas coisas boas da vida, por cima passam milhares de pessoas diariamente! sem saberem, sobrevoam um paraíso perdido no sul do velho continente.

das altas tecnologias de um

aeroporto, para a calma aparente da culatra.


mas o paradoxos seguem-se num encadear delicioso. no inicio, na altura em que aqui cheguei, em outubro depois de ter feito a travessia de uma outra ilha, em paragens mais a sul, Porto Santo, já a época balnear ia longe. olhei, para os cafés e pensei: do que será vivem estes cafés no inverno... ou no outono e na primavera?!? e o paradoxo segue... depois da faina no mar, ou da ida à “maré” os ilhéus juntam-se nos cafés e convivem!!! e muito!!! a ilha tem o índice de consumo de cerveja mais elevado do país! e lá vem mais um paradoxo: nunca ninguém parece embriagado. existe um estado quase zen de levitação para o próximo paradoxo: o isolamento que atormenta é muito desejado e a maior parte dos ilhéus já passou pela experiência de viver no continente e voltou!!! e para ficar de vez, mas sempre indo a “terra”.


num mundo em que as mulheres ainda lutam pela igualdade de direitos, encontramos na culatra uma sociedade completamente igualitária! cada qual tem as suas tarefas. profissionais e sociais. no final do dia, a seguir ao almoço, homens mais concentrados nuns cafés e mulheres o mesmo! e o no consumo da levedura da cevada, elas só alteram o equilíbrio porque bebem sempre com verticalidade na altura em que os cavalheiros, já começam a acusar o balanço do mar.


o pôr do sol é simplesmente fabuloso. na costa atlântica, ou voltado para a ria formosa. o isolamento convida à contemplação. será este isolamento uma benção ou um fado?


depois de 3 dias no mar, chegámos a Olhão, deixando a

Culatra por estibordo. na altura, olhei e murmurei um “ até jazz”. dez dias depois, voltei para ver como estavam as coisas pela ilha. paragem no caminho de volta a Lisboa, onde o Boa Ideia, iria passar o Inverno.

uma visita de 2 dias, foi estendida para uma semana... ou duas. e o primeiro mês passou e novembro veio ameno... foi um bom inverno, e a primavera, chegou poderosa com os primeiros dias de calor a puxar para os banhos de mar, logo em março. estamos em julho e ainda aqui estou! 10 meses se passaram... e ir para onde?!?


é também paradoxal, olho para o meu barco, um verdadeiro navegador oceânico, que agora “anha” como diz a minha filha emprestada, ocioso (ou serei eu...) pelas águas do cabo de santa maria.


na ilha, a vida corre a um ritmo, marcado pelo tempo das marés e pelo tempo que se faz sentir, agora e daqui a bocado. o relógio não dita o tempo, apenas acompanha a maré e ajusta os horários do barco de passageiros.

o tempo não corre, apenas passa. o tempo abraça-se; está tempo para ir para o Mar; está temporal e é tempo de nos sentarmos à mesa com os amigos.

o tempo na Culatra é simplesmente único e intemporal!


os homens do mar, saem com o tempo instável. o mar não quer saber das necessidades dos homens. o mar oferece a estas gentes o seu sustento, a sua força, a sua raça de gente dura e unida. o mar oferece, mas por vezes em troca fica com um deles. um preço assumido a cada saída na noite fria de inverno. saídas que melhoram com a chegada do tempo quente.

gentes de tez morena e mãos feitas à dureza da vida do mar.

gentes que durante a tarde se senta em frente de um televisor e vêm um filme com invulgar atenção. não é um nem dois ou três. são às dezenas. gente que se comove com a criança que quer quer uma bola de uma maquina de moedinhas, que chora e tenta alcança-las enfiando o bracinho na saída dos prémios, gente que sente os olhos marearem-se com as histórias de amor e ódio num filme, de índios e colonos, na altura da “invasão” das américas.


gente que alimenta uma centena de gatos que proliferam pela ilha. o resultado da faina é também a eles distribuído.

gatos que são reis e rainhas sem vassalos. gatos que perseguem os cães, num cenário de incredulidade.


gente que em pleno inverno caminha na areia de calção indiferente ao frio, ou à chuva que afinal não é mais que água doce.

a culatra é uma terra de paradoxais encantos que parece ter

enfeitiçado, gerações de navegadores que aqui arribaram.

nos recantos desta ilha encontramos os ilhéus que convivem com gentes de longe que aqui chegou, pelo mar, e foi ficando. gentes que navegaram o mar único que une os continentes, com histó

rias de sonhar, como por exemplo o médico alemão que durante os tempos do muro de berlin, fugiu da antiga alemanha democrática, deix

ando para trás uma parte da família, num improvisado balão de ar quente, feito com tecidos, um queimador improvisado e garrafas de gás de cozinha. a poderosa máquina voadora, resistiu a um voo de pouco tempo, incendiando-se, mas caindo já no outro lado do muro. hoje vagueia pelo mar, sem prisões ou ancoras, que não seja de tempos a tempos voltar à culatra.

ou o cavalheiro inglês com um ar verdadeiramente marujão! no seu veleiro de dois mastros, onde a a chaleira do chá parece não ter descanso, e assobia a cada hora, ou será momento? sozinho, anda por aqui e por ali, visitando os amigos que se juntam nestas aguas, com o seu cachimbo, sempre fumegante. a roupa mais parece tirada do livro do robison crusoé, não fosse estar sozinho a bordo ainda esperaria por ver aparecer, placidamente, o Sexta Feira. este homem que vive só no meio de uma comunidade de navegadores, de vez em quando desaparece. em Faro apanha o avião, para a City. em Londres, despe a capa do marinheiro, e veste a de consultor sénior de uma empresa de capitais de risco... durante duas semanas cada dois meses, vem navegar noutra realidade. do seu barco nos mares do sul, com o computador portátil mantém à distancia uma actividade que apenas o obriga a estar na empresa de vez em quando.


Luiz, fez anos num qualquer dia de setembro de 2005. Argentino, moreno, com uma barba e bigode tipicamente argentino, é um clássico “bon vivant”!!! a mulher, com os seus quarenta e sete anos acompanha-o, no mais estável desequilíbrio. navegam num barco com o número de série 56. o ultimo construído por Luiz. este antigo professor de tango é uma força da natureza do alto dos seus oitenta anos.

Conhecemo-nos através do Alípio e da Gil. casal brasileiro, de espírito luminoso e alegria contagiante. nessa noite à nossa mesa estavam tugas, espanhóis, argentinos, ingleses, brasileiros, numa amalgama cultural de sonho. hoje olho para traz e as recordações transformam-me os lábios num sorriso e os olhos num oceano.

essa noite era a ultima noite para quase todos os presentes nas águas da ilha. no dia seguinte uns seguiram para espanha, outros para norte, e outros para o brasil. uns garrafões de água de ultima hora compunham a carga do nossos irmãos brasileiros. como se não fosse nada, aproveitaram os últimos momentos para carregar mais 10 litros do vital liquido... nem parecia que iam atravessar o oceano atlântico...

um mês depois recebi uma mensagem. estavam bem e felizes.


carmen, tinha tido um avc cerca de um anos antes. mal conseguia andar. nada que a fizesse parar! novamente o tempo muda nas nossas vidas. o que antigamente era uma coisa simples e rápida, agora leva o tempo que levasse. ficou-me gravado na memória a tinta da china: a certa altura quis ir à casa de banho. entre ela e o objectivo, nesse barco estava uma passagem do cockpit do veleiro, para o interior da cabine que ficava 4 degraus mais abaixo , protegida por uma antepara, para evitar a entrada de agua nos dias de temporal. não é pratico mas seguro no seu objectivo. oferece-mo para auxiliar. recebo um magnifico sorriso de recusa, e um balbúcio de que tinha que ser capaz. levou cerca de 15 minutos o que normalmente levaria 15 segundos. já no fundo das escadas olha para fora, põe os braços no ar e sorri. vitória!!! que mulher fantástica. que homem doce o que a acompanha em cada vitória ou cada derrota. mas sempre pronto. como tem de ser!


que vida fantástica se pode viver se quisermos estar abertos aos paradoxos.