terça-feira, 1 de setembro de 2009

como o vento

que passa e se vai

que não se mede 

que não se vê

que se sente


como um vento quente no deserto


como um vento húmido numa noite no mar


como um vento gélido numa montanha alta


sinto-me como o vento


um vento sem passado nem futuro


que corre incessante

sem destino 


numa busca

numa fuga


que não vai nem vem

que procura uma razão de existência


que procura

procura

procura

procura


que venta sem sentido ou razão

que voa sem destino


que quer parar e não consegue

que por vezes traz chuva e chora


que por vezes sente falta dos sítios onde passou

 

das pessoas 

das faces que tocou


que por vezes morre devagar em desespero


que por vezes ri

como uma trovoada de verão

poderosa e intensa


mas sempre passageiro

que não fica

não consegue ficar

não que não queira...

mas simplesmente não consegue ficar

e voa

venta


sem destino...

que procura na noite a calma dos elementos

que se revigora com o nascer do sol


vento que procura a mudança

que procura parar

vento que provoca e urge na sua passagem


um vento que leva as memórias de histórias que foram esquecidas


um vento que guarda em casa

todos aqueles que gosta


todos os que também andaram perdidos

ou se perderam


um  vento que procura um filho que nunca encontra


um vento que foge de um filho que o prenda


um vento que não sabe para onde ir

nem para onde quer ir


um vento que não quer magoar com a mudança

mas morre com cada paragem


vento que procura os que se foram

que chora a saudade dos que já não pode abraçar


vento que queria voltar para trás...

vento que por vezes passa sem se aperceber

sem ser percebido

quase nunca compreendido


vento sem definição...


vento que nem a si se consegue encontrar

vento que busca incessantemente

por tudo sem saber o quê


vento que por vezes não consegue falar

não consegue cantar

não consegue sorrir


passa apenas.

para onde?

para onde irá o vento?